quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ainda sobre Proust

Gosto muito de comprar livros em Sebos, a simples idéia de que estou lendo um livro que outra pessoa já manuseou instiga minha imaginação, será que meu antecessor gostou do livro? De quais trechos mais gostou? Por que vendeu o livro?Cheiro, textura, marcas e rabiscos nas páginas são ingredientes mágicos deste feitiço que livros antigos provocam em mim.
Para organizar minha coleção de Em busca do tempo perdido, resolvi recorrer a um sebo, os livros estavam mal tratados, as capas rasgadas, cheirando a mofo... sem contar com páginas e páginas repletas de anotações, o vendedor disse que só tinha aqueles e que poderia guardar outros "melhores" para mim, mal sabia ele que aqueles livros representavam um tesouro para mim e mal sabia eu que encontraria uma amiga chamada Regina, uma carioca que escreveu e riscou trechos do livro nas páginas, comprou alguns doces na padaria e registrou as datas em que havia lido e relido a obra na capa.
De certa maneira ela me acompanha na leitura, costumo conferir se meus trechos favoritos são iguais aos dela, também gosto de observar quais palavras ou expressões intrigantes para mim são comuns às que ela destacou, não sei qual a sua profissão, tampouco se estudou a obra para fins de mestrado ou doutorado, algo é certo, sua letra grande e inclinada me indica possibilidades de leituras que sozinha eu não alcançaria.
Obrigada, Regina!

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